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A gordofobia ajuda a adoecer

  • Foto do escritor: Luísa Schiavini
    Luísa Schiavini
  • 17 de mai.
  • 2 min de leitura

“Pessoas com obesidade adoecem mais porque são preguiçosas e negligentes com a própria saúde.” Essa afirmação, infelizmente, ainda é amplamente difundida. No entanto, como profissional que atua diretamente com pacientes com obesidade, afirmo com segurança: na maioria das vezes, essa ideia não corresponde à realidade.

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Neste texto, explico por que não se deve tratar a obesidade de forma simplista, ignorando os inúmeros fatores que compõem essa condição.


Exemplo clínico real

Compartilho o relato de uma paciente com índice de massa corporal (IMC) de 28 — um valor que, embora elevado, não configura obesidade severa. Ela procurou atendimento ortopédico devido a uma dor persistente no joelho esquerdo, presente há mais de seis meses durante a prática de atividade física.

Durante a consulta, o profissional não realizou exame físico, não solicitou exames complementares, tampouco prescreveu medicação ou indicou fisioterapia. Sua única conduta foi entregar uma lista de restrições alimentares, afirmar que ela precisava emagrecer com urgência e encaminhá-la a um cirurgião bariátrico.

Embora possa parecer um caso extremo, infelizmente, episódios como esse ocorrem com frequência alarmante. E quanto maior o peso corporal do paciente, mais suas queixas tendem a ser desconsideradas, como se todos os sintomas estivessem necessariamente relacionados à obesidade.


Fisiologia versus conduta ética

É verdade que indivíduos com obesidade apresentam maior propensão ao desenvolvimento de diversas condições clínicas, incluindo o agravamento de quadros de dor crônica. Contudo, isso não justifica a omissão de condutas terapêuticas básicas.

O raciocínio de que é necessário deixar o paciente em desconforto para que ele se motive a emagrecer é eticamente questionável e clinicamente ineficaz. Não é plausível esperar que alguém consiga se cuidar adequadamente em um contexto de dor e sofrimento físico.


O afastamento progressivo do sistema de saúde

Cada vez que uma pessoa com obesidade vivencia situações de julgamento ou desrespeito por parte de profissionais da saúde, aumenta a probabilidade de afastamento progressivo do sistema de atendimento. Isso é extremamente preocupante, pois justamente esses indivíduos necessitam de um acompanhamento mais atento, cuidadoso e contínuo.

Com o afastamento precoce, cresce o risco de agravamento de doenças e de necessidade futura de intervenções em níveis mais complexos, como internações em unidades de terapia intensiva (UTIs). Portanto, discutir a gordofobia estrutural na saúde não é apenas um ato de empatia, mas também uma estratégia de prevenção e racionalização de recursos públicos.


O cuidado deve ser integral e humanizado

Durante o tratamento para emagrecimento, é fundamental promover o autocuidado e a valorização do corpo, mesmo que ele ainda esteja distante do objetivo final. Estimular uma relação de respeito com o próprio corpo não se trata de conformismo, mas de criar as bases emocionais e psicológicas necessárias para sustentar mudanças reais e duradouras.


Considerações finais

Se você vive com obesidade, saiba que tem o direito de ser atendido por profissionais que o enxerguem como um ser humano completo — com história, rotina, sentimentos e necessidades únicas. Você não é uma condição clínica, é uma pessoa que merece um tratamento digno, técnico e respeitoso.


Precisa de ajuda para lidar com a sua alimentação e seu peso? Então agende sua consulta para ter o tratamento especializado!


Nut. Luísa Schiavini

CRN-2 13885

 
 
 

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